“Cortem as asas dele!” – ordenou o carrasco.
“As asas com as quais uma vez varou céus –
Ah! Não mais, nunca mais!” – falou tomado de asco
Que escorria da pele e enchia o ar de fel
“E joguem-no por fim, sem asas, do penhasco!”
“Não deixem pluma alguma em tão pífio réu.
Talhem todas as seis! Seis é sua medida,
Seis o seu julgamento e seis o seu laurel!
Que levará consigo até o fim da vida
E será para sempre o seu algoz cruel.”
Das seis asas privado, o sangue da ferida
Sobre seu corpo nu vertia fogo ardente.
Arrastado ele foi para sua caída
Posto à beira do abismo a contemplar ciente
A sina a si negada e assim sempre temida
“Vê, pela última vez, esta orbe reluzente
Que um dia foi teu lar, tomou teu desamparo –
Ah! Não mais, nunca mais!” – bradou a voz demente
Ao prender os grilhões sem um grande preparo:
“Teu crime a ti atado em teu curso cadente!”
“Não mais terás visão alguma do céu claro
E do brilho estelar – somente escuridão!
Suportarás em falta o anelo que lhe é caro –
Com trevas sobre ti, sem sombra de perdão,
Terás apenas dor em sofrimento raro!”
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Mais duas estrofes, algumas cinzeladas aqui e acolá, e primeira parte (temporariamente intitulada "A Punição) está terminada, por ora - até novos reparos se mostrarem necessários.
Enquanto o burilamento não se mostra evidente, vou continuando e elaborando as duas partes seguintes, das quais alguns versos já começam a se conformar.
10 comentários:
Muito legal, Erikson, e diferente, me lembra um roteiro? Rss
Um abraço
Obrigado - e se remete a um roteiro, acho que remete a algo como um cruzeiro pelo abismo! =-)
Abraços!
Vir aqui foi muito enriquecedor!
Dificilmente se vê tanta riqueza poética pela web como nesse paraíso para os iniciantes na arte suprema,como eu o tenho sido... Parabéns pelo belíssimo trabalho! Ronaldo Rhusso
Vir aqui foi muito enriquecedor!
Dificilmente se vê tanta riqueza poética pela web como nesse paraíso para os iniciantes na arte suprema,como eu o tenho sido... Parabéns pelo belíssimo trabalho! Ronaldo Rhusso
Às vezes me pergunto se você não gostaria de introduzir um pouco desta retórica e talvez um pouco de interpretação nas Torres de Vigília.
Às vezes me pergunto se você não gostaria de introduzir um pouco desta retórica e talvez um pouco de interpretação nas Torres de Vigília.
Muito legal e interessante esse teu belíssimo trabalho! Parabéns, meu caro! Que tal falar sobre ele, algum dia desses, lá na Casa Vida? Hein??? Aquele abraço...
E tenho que dizer.
Muito forte.
Enquanto penso em blogs sobre culinária, ou acidentes de cozinha... me deparo com o terreno da bela poesia do colega de mestrado.
Continuo com minha cerveja por hora, que jeito?
Beijo.
Muitas vezes, acontecem tentativas de "cortar as asas com as quais varamos céus" ou atravessamos abismos!... mas, curiosamente, acontecem outras tantas de prosseguir nesta tentativa de vôo , de fazer o impossível, de ultrapassar nossos próprios limites!...
Faz tempo que não postas por aqui...
Abraços alados!
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