terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mistah Kurtz - he dead.

Sinhô Kurtz - tá morto.


Deita-se a sombra com o fim do dia
O breu se espalha em lúgubre cabina
Entra sem qualquer súplica sombria
E aguarda em trevas onde a morte atina

Uma vibrante vela a visão guia
Na tênue luz ressoa a voz malina
Nada além de um sussurro que sumia
Na evanescente e moribunda sina

Estampado em seu rosto de marfim
A alterar seu perfil sempre imponente
Desesperança de sabor ruim

O fim da sua vida encontra assim
Finda a candeia de chama impotente
“O horror! O horror!”, grita sozinho enfim


-------

P.S.: Mistah Kurtz merecia muito mais palavras - inesgotáveis numa trova, ou mesmo num soneto. Ressoando o peso da personagem em seu último alento, eis o que me surge: um soneto decassílabo que ora é heróico, ora sáfico. Se a figura esquálida de Kurtz parece ainda vibrar algum grau de heroísmo mesmo em seus últimos momentos, seu fim derradeiro se dá no mesmo terror que, basculando, dá origem à vida.

2 comentários:

Anton disse...

Mistah, mas é claro, como não fui entender? Sinhô Kurtz hahahahaha
então, ainda não vi onde poderia arranjar o tal livro, ele é famoso?

Erikson disse...

O livro é famoso, mas para falar a verdade, não sei como costuma ser traduzido para o português. Eu li o meu no original inglês, peguei uma versão na internet. Se quiserdes, posso te passá-la.