quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Ensaiando novas formas


Sobre a cama mal arrumada vejo
Tua forma bela, por ti ocultada
Sob lençol desnudas o meu desejo
Ninfa sonhada!

Pés descalços mostram-se de soslaio
Véu de linho esconde a tez dourada
Quais encantos guarda o sorriso gaio,
Ninfa sonhada?


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Nova empreitada: experimentar agora os versos sáficos em sua forma tradicional. Nome dado em homenagem à poetisa grega que os tornou famosos, Safo, seu esquema é constante: cada estrofe tem quatro versos, três dos quais são compostos por - troqueu | troqueu | dátilo | troqueu | troqueu - e, por fim, um verso Adônico, composto por apenas dois pés: dátilo | troqueu.
Aí em cima está um exemplo, em duas stanzas de esboço de um novo poema. Tive que me utilizar da boa e velha licença poética para alcançar os metros desejados em dois versos, e optei por utilizar rimas, ainda que não sejam utilizadas nos versos sáficos clássicos. Quanto ao verso adônico, optei por tranformá-lo num refrão, experimentando com a repetição da sonoridade, como o "Raven" de Poe.
Como não poderia deixar passar, faço a escansão do primeiro verso e do refrão para explicar melhor seus metros:

SO - bre_a | CA - ma | MAL a - rru -| MA - da | VE - jo

O troqueu é um pé com uma sílaba tônica e a seguinte átona. O dáctilo, como já falado em outro post, contém a uma sílaba tônica seguida por duas átonas. Passemos ao verso adônico:

NIN - fa so - | NHA - da

Eis aí novamente o dátilo seguido de um troqueu.

Apenas uma nota final quanto ao tema: os versos da poetisa Safo são famosos por remeterem ao erotismo de uma forma geral. Como não poderia deixar a oportunidade passar, retomo também o conteúdo clássico para tal forma poética.

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